Ciclista usa máscara de prefeita durante protesto no TO

A lei pró-ciclistas foi vetada por Cinthia Ribeiro (PSDB-TO) após aprovação unânime da Camara Municipal com apoio da base governista.

20/05/2018

| Atualizado em

20/05/2018

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Ciclista usa máscara de prefeita durante protesto no TO

Ciclista Sheyla Oliveira durante a manifestação contra o veto da Prefeita de Palmas Cinthia Ribeiro (PSDB/TO)

 

Palmas, TO - Na manhã deste sábado, véspera do aniversário de 29 anos da capital do Tocantins, 300 ciclistas foram às ruas em um manifesto pautado pela defesa de um trânsito com mais respeito entre os usuários das ruas e também para cobrar uma área protegida de treino ciclístico.

O ato foi uma iniciativa de praticantes de ciclismo de diversos grupos  distintos da capital que se mobilizaram após uma série de acidentes envolvendo ciclistas e atletas, que vitimaram oito pessoas nos últimos 60 dias. A última ocorrência foi registrada na semana passada, quando um carro atingiu cinco corredores de uma assessoria esportiva, em um grupo de trinta, que praticavam corrida na montanha.

"Nós nos sentimos desprotegidos e até mesmo ameaçados em nossa prática esportiva após tantos acidentes envolvendo principalmente ciclistas, por isso esse ato pacífico, que também traz um pedido de respeito entre todos nós, para que a gente tenha menos acidente", explica uma das organizadoras, Sheyla Oliveira.

Entre os ciclistas, cerca de 30 crianças e adolescentes puxavam o passeio que percorreu cerca de 8 quilômetros de duas principais avenidas da capital, contornando a área que concentra a administração municipal, onde houve distribuição de adesivos explicando normas de trânsito, e também do Estado. 

No percurso, dez bicicletas continham o "respeitômetro", uma forma criativa de chamar a atenção dos motoristas para os cuidados ao ultrapassar uma bicicleta. "A ideia é uma régua presa à parte traseira da bicicleta, com exatamente 1,5m de comprimento, que é a  distância mínima que motorista deve manter de quem pedala na rua, segundo o Código de Trânsito Brasileiro", explica a ciclista Eliane Reis, uma das responsáveis por confeccionar a peça. 

 

Área

De acordo com a organização, o protesto também pede agilidade na definição de uma área protegida para treino de ciclismo. A pressão por essa área ficou mais intensa após a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB) ter vetado, no dia 10 deste mês, uma lei aprovada no mês passado regulamentando a criação da área. 

A prefeita, que assumiu o cargo após a renúncia de Carlos Amastha (PSB), vetou a lei alegando que a Câmara não teria competência para propor esse tipo projeto.

Em nota, assessoria de imprensa da prefeita garante que o veto "se dá unicamente pela ausência de competência para este tipo de iniciativa, que pela Lei Orgânica do município, cabe ao Executivo". Também ressalta que o município "não está alheio às demandas deste segmento desportivo" e que "vem discutindo desde o ano passado a criação de uma área específica para esta prática"

O protesto lembrou o veto com um esquete sátira encenada por Sheyla Oliveira, que também é atriz. Na sátira, ela encena o papel de prefeita que decide vetar a lei apenas por não ter sido a autora.

"Nós nos sentimos desprezados pela prefeita, porque a lei era genérica e apenas criava um marco legal, uma obrigação para a gestão, não importa quem estivesse à frente, de demarcar a área, que pode ser um trecho de rua ou avenida, fechada por agentes de trânsito em determinados dias da semana entre 1 hora e meia, na qual ciclistas possam treinar sem nenhum risco de acidentes com carro", explica o ciclista Lailton Costa, que pertence a uma liga de ciclismo local.

Belmiro Gomes Neto, ciclista que pedala na cidade e na montanha, acrescenta que um dia após vetar a lei, a prefeita baixou um decreto criando uma ciclofaixa, com interseções de veículos, mas os ciclistas viram com cautela essa medida. "Como ciclista, todo lugar demarcado para o ciclismo é bem-vindo, mas a cautela quanto a essa nova ciclofaixa se dá porque a primeira, criada na gestão passada, está quase em desuso pela falta de segurança causada pela inexistência de fiscalização sobre os carros que invadem o espaço". Além disso, ela observa que a ciclofaixa só entrará em funcionamento a partir do dia 27 de maio e terá um trecho que se sobrepõe à anterior.

(Fernando Hessel | Lailton Costa - Liga de Ciclismo FDB - Foto: Cecília Latorraca)